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B• Issue #1: A Copa Bautti

A Copabana da Bautti - Um Ensaio Afetivo 
Por Ricardo Ferreira     

Copacabana é o mundo — com toda sorte de gente, as poses, os vícios, as tantas histórias nos edifícios, o cheiro de maresia, espetinho de camarão. Em Copacabana se anda, se ama, se abana. Copacabana é calor mas faz algum frio em julho. Você viu? O termômetro na Cinco de Julho? Copacabana não mente.

A gente fala do caos, mas que tal a Copa Bauhaus: um habitat de estilos cruzados, quanta cor, quanta forma, que escola aquela Copa até o sol cair no canto de lá, o canto do Forte. A noite é Sodoma e Gomorra, um vampiro em cada esquina, putaria, noite nua, mas vá lá, uma aula que continua.

É nesta Copacabana que a Bautti se debruça neste ensaio afetivo que celebra as memórias de seu fundador, o designer carioca Caio Bahouth. Nascido e criado neste bairro icônico da Zona Sul do Rio de Janeiro, Caio carrega na caneta a esquina da Santa Clara com a Toneleiro, os botecos da Figueiredo, as calçadas que são avenidas, todos os ícones, do chope do Pavão aos bolinhos do Caranguejo, passando por toda a fauna que empresta ao lugar alguma coisa de mágico.

Uma homenagem ao começo. A joalheria está na vida do designer desde antes de nascer. Quando grávida dele, sua mãe, a ourives Elaine Bahouth, já estava norteada pela profissão que mudou o rumo da família. Caio cresceu em contato com os traços de Elaine, o cheiro da prata oxidada no ateliê, que depois expandiu e virou oficina no Centro da cidade.

Estava tudo ali, desde o início. A experiência como designer de móveis, no entanto, foi parada pro percurso que se desenhou a seguir — notado outrora como um dos nomes em destaque da nova geração do mobiliário brasileiro, Caio bebeu na arte de Sérgio Rodrigues, José Zanine Caldas e Jorge Zalszupin, entre outros, para lapidar o seu estilo próprio, marcado sobretudo pela simplicidade de suas peças. “Quanto menos design, melhor”, dizia Dieter Hams, uma das grandes referências de Caio Bautti.

No novo ensaio da marca, a bordo do Volkswagen Karmann-Ghia 1968 do Carlos Cezar, pai de Caio, no qual a família desfilou tantas vezes na Atlântica nos anos 2000, o minimalismo dos brincos, anéis, colares e pulseiras são protagonistas em meio à ebulição de uma Copacabana que não para, é a Copacabana de Fausto Fawcett, de Hugo Carvana, de Aldir Blanc, a Princesinha do Mar de João de Barro e Alberto Ribeiro. Como se tantos anos de boemia coubessem num dedo, num pescoço, num pulso.


Entrevista com Caio Bahouth

Como começa sua história na joalheria e como nasceu a Bautti?

Eu nasci e fui criado em Copacabana e minha mãe começou a estudar joalheria grávida de mim. Cresci vendo minha família trabalhar com joias e sempre foi algo muito familiar, muito afetivo, por isso não consigo associar joalheria a luxo. A primeira joia que desenhei foi um anel do Batman, fiz aos 5 ou 6 anos e vendi uma versão para uma professora. Estudei Design na PUC-Rio, me apaixonei pelo design de mobiliário e arquitetura, e isso influenciou meu olhar para joalheria. Com a marca Bautti, pude finalmente me expressar individualmente e mostrar minhas criações. Durante a pandemia organizei tudo e lancei a marca, que acabou se tornando minha principal atividade.

Quais conceitos norteiam a marca?
Para mim, joia vai muito além do luxo; ela conta uma história e tem relação afetiva. Cada peça é criada com um objetivo, sem elementos excedentes. Busco minimalismo e funcionalidade, simplicidade. A marca valoriza a permanência das peças, sem se prender a tendências sazonais. Quero que cada criação seja atemporal, interessante hoje e sempre. Cada peça é uma extensão de mim e da minha evolução como designer.

Como é o seu processo criativo?
Lançamos uma coleção maior e uma cápsula por ano, com desenvolvimento de seis a oito meses. Trabalho com slow design, sem seguir padrões da indústria da moda ou tendências. Cada peça é pensada para vestir o corpo de forma inusitada e cativar o público. Minhas criações são uma consequência do meu estudo contínuo e experiências de vida. Cada coleção evolui da anterior, tornando meu trabalho uma obra inacabável. O processo é focado em história, forma e interação com quem usa a peça.

Quais são as suas principais referências no design?
Minhas referências vêm do design industrial, arquitetura, mobiliário e artistas contemporâneos. Dieter Rams prega o “menos design possível”, tento aplicar isso nas minhas joias. A estética minimalista e a interseção entre beleza e funcionalidade são centrais. Também aprendi com o design de móveis, onde ergonomia e estética são igualmente importantes. Minhas criações unem esses universos de forma única.

Quais são suas melhores memórias de infância em Copacabana?
Minha infância foi entre a Santa Clara, Figueira do Magalhães e 5 de Julho, sempre em Copacabana. Lembro das voltas com meu pai no carro Karmann-Ghia que está com ele há mais de 20 anos, eu era pequeno e ajudava ele a lavar o carro, polir.
Frequentávamos os restaurantes da área, como o Caranguejo, onde descobri que era alérgico a camarão. Esses cenários refletem minha relação afetiva e cultural com Copacabana. Cresci imerso nesses lugares, que moldaram minha vivência e identidade.

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Foto: Priscilla Haefeli
Texto: Ricardo Ferreira
Modelo: Tássia Leite
Beleza: Juliana Martins
Styling: Nurya Boni
Produção: Maria Luisa Coelho
Design: Caio Bahouth

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